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. Desligue o rdio  disse a mais velha para o chins.Como sempre, ele obedeceu.Agora, o nico rudo que se podia ouvir era dos ovos e dobacon fritando na chapa.A mais velha levantou-se e dirigiu-se at a mesa.Ficou em p, ao lado dos dois.As outrasacompanhavam a cena. Onde arranjou este anel?  perguntou. Na mesma loja em que voc comprou seu broche  respondeu ele.Foi ento que Chris notou um broche de metal preso na jaqueta de couro.Tinha o mesmodesenho do anel que Paulo usava no dedo anular da mo esquerda.  Por isso ele estava com a mo no queixo.Ela j vira muitos anis da Tradio da Lua  de todas as cores, metais e formatos  semprena forma de uma serpente, o smbolo da sabedoria.Nunca, entretanto, vira um semelhante ao de seu marido.Uma das primeiras providncias de J.tinha sido entregar aquele anel, dizendo que assim ele completava  aTradio da Lua, um ciclo interrompido pelo medo.Era o ano de 1982, e ela estava com Paulo e J.naNoruega.E agora, no meio do deserto  uma mulher com o broche.O mesmo desenho. As mulheres sempre reparam em jóias. O que voc quer?  tornou a perguntar a ruiva.Paulo tambm ficou de p.Os dois se olharam, frente a frente.O corao de Chris apertoumais ainda  tinha absoluta certeza de que no era cime. O que voc quer?  repetiu ela. Conversar com meu anjo.E mais uma coisa.Ela pegou a mo de Paulo.Passou seus dedos no anel, e, pela primeira vez, havia um toquefeminino naquela mulher. Se voc comprou este anel na mesma loja que eu, deve saber como se faz  disse, com osolhos fixos nas serpentes. Se no comprou, venda para mim. uma bela jóia.No era uma jóia.Era apenas um anel de prata, com duas serpentes.Cada serpente tinhaduas cabeas, e o desenho era muito simples.Paulo no respondeu nada. Voc no sabe conversar com anjos, e este anel no seu  disse a Valkria depois dealgum tempo. Sei, sim.Canalizao. Exato  respondeu a mulher. Nada alm disso. Eu disse que queria mais uma coisa. O qu? Took viu o seu anjo.Quero ver o meu.Conversar com ele, frente a frente. Took?Os olhos da mulher ruiva percorreram o passado, tentando recordar quem era Took, ondevivia. Sim, agora me lembro  disse. Ele vive no deserto.Justamente porque viu seu anjo. No.Ele aprende a ser Mestre. Este negócio de ver anjo pura lenda.Basta conversar com ele.Paulo deu um passo em direo Valkria.Chris conhecia o truque que seu marido estava usando: ele chamava de  desestabilizao.Normalmente duas pessoas sempre conversam mantendo um brao de distncia entre elas.Quando uma seaproxima demais, o raciocnio da outra fica desorientado, sem que perceba o que est acontecendo. Quero ver meu anjo. Ele estava bem próximo da mulher, e mantinha os olhos fixos nela. Para qu?  a Valkria parecia intimidada.O truque estava dando resultado. Porque estou desesperado, e precisando de ajuda.Conquistei coisas importantes para mim,e vou destru-las porque digo a mim mesmo que elas perderam o sentido.Sei que mentira, que elascontinuam importantes e, se as destruir, estarei destruindo a mim tambm.Ele mantinha o mesmo tom de voz, sem demonstrar qualquer emoo pelo que dizia. Quando descobri que para conversar com o anjo bastava a canalizao, perdi o interesse.No era mais um desafio, era algo que j conhecia bem.Ento notei que meu caminho na magia estava prestesa acabar; o Desconhecido estava ficando familiar demais para mim.Chris estava surpresa com a confisso, feita num lugar pblico, diante de pessoas que nuncatinha visto. Para continuar neste caminho, preciso de algo maior  concluiu ele. Preciso demontanhas cada vez mais altas.A Valkria ficou um momento sem dizer nada.Tambm ela estava surpresa com a conversado estrangeiro. Se eu lhe ensinar como ver um anjo, o desejo de buscar montanhas cada vez mais altaspode desaparecer  disse, afinal.E isto nem sempre bom.  No, nunca vai desaparecer.O que vai sumir essa idia de que as montanhasconquistadas so baixas demais.Vou manter aceso meu amor por aquilo que consegui.Era o que o meumestre estava tentando me dizer. Talvez ele esteja tambm falando de casamento , pensou Chris.A Valkria estendeu a mo para Paulo. Meu nome M. disse ela. Meu nome S. respondeu Paulo.Chris levou um susto.Paulo havia dado seu nome mgico! Poucas, pouqussimas pessoasconheciam este segredo, j que a nica maneira de se causar certo mal a um mago usando seu nome mgico.Por isso, só quem fosse de absoluta confiana poderia saber.Paulo acabara de encontrar aquela mulher.No podia confiar tanto nela. Entretanto, pode me chamar de Vahalla  disse a ruiva. Lembra o nome do paraso viking , pensou Paulo, enquanto lhe dava tambm o nome debatismo.A ruiva pareceu relaxar um pouco.Pela primeira vez olhou para Chris, sentada na mesa. Para ver um anjo so necessrias trs coisas  continuou a ruiva, voltando a olhar Paulo,como se Chris no existisse. E, alm dessas trs coisas, preciso ter coragem. Coragem de mulher, a verdadeira coragem.No a coragem de homem.Paulo fingiu no dar importncia. Estaremos perto de Tucson amanh  disse Vahalla. Venha nos encontrar ao meio-dia,se o seu anel for verdadeiro.Paulo foi at o carro, trouxe o mapa, e Vahalla mostrou o lugar exato do encontro.O chinscolocou os ovos e o bacon na mesa, e uma das Valkrias avisou a ruiva que seu caf da manh estavaesfriando.Ela voltou para seu lugar no balco, pedindo ao chins para ligar de novo o rdio. Quais so as trs condies para se conversar com o anjo?  perguntou ele, quando ela iasaindo. Romper um acordo.Aceitar um perdo.E fazer uma aposta  respondeu Vahalla. Olhou a cidade l embaixo.Pela primeira vez em quase trs semanas, estavam num hotel deverdade  com servio de quarto, bar, e caf da manh na cama.Eram seis horas da tarde  e costumava praticar o exerccio de canalizao a esta hora.MasPaulo dormia profundamente.Chris sabia que o encontro daquela manh no posto de gasolina havia mudado tudo; sequisesse conversar com seu anjo, teria que agir por si mesma.Tinham conversado pouco na viagem at Tucson.Ela limitou-se a perguntar por que elehavia dito seu nome mgico.Paulo respondeu que Vahalla dissera o seu, numa demonstrao de coragem econfiana  e ele no podia ficar para trs.Podia ser que estivesse falando a verdade.Mas Chris acreditava que, ainda esta noite, Pauloiria cham-la para uma conversa.Era mulher, enxergava coisas que os homens no viam [ Pobierz całość w formacie PDF ]

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